terça-feira, 31 de março de 2009

Será que as rochas resolveram clamar?


“mas ele lhes respondeu: Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão” (Lucas 19:40)

Semana passada, após um ensaio que aconteceu na igreja, ocorreu algo que me envergonhou muito, não repudiei a tais pessoas que praticavam decorrido ato, mas sim repreendi a mim pela ausência de minhas tarefas.

Em nossos dias atuais há grandes manifestações que buscam e intitulam-se como a revelação da glória e do poder de Deus, enquanto isso, suas luzes têm sido refletidas voltadas umas pra as outras e o mundo e seus rancores temos deles nos esquecido. Buscamos a Deus, o encontramos e ponto final. Que postura mais “eucentrista”. Buscamos em humilhação nossos perdões e esquecemos que quando salvamos a alguém de sua perdição apagamos uma “multidão de pecados” (Tiago 5:20).

Discípulos ou pedras?

Quando Jesus entra triunfantemente em Jerusalém, os discípulos fazem menção de sua glória. Como na bíblia diz: “começou a dar louvores em ALTA VOZ, (...) dizendo: Bendito o que vem em nome do Senhor”. Os fariseus, famosas figuras bíblicas que caracterizam as pessoas que vivem com Deus somente nas aparências, exorta a Jesus. Em nossa linguagem de hoje eles diriam: “você não pode deixar que eles façam essa algazarra. Não os repreenderá?”.

Há uma banda, da qual até fui convidado a participar que me incomoda um pouco sua maneira como agem, na escala – minha própria avaliação – “fariseusística”, ocupariam um posto 7, pois tive a oportunidade de participar de alguns de seus momentos e observar seus conceitos. Em sua filosofia, são belos, mas em seus dias de dedicação na busca do crescimento em Deus não funcionam. Praticamente todo o convite que recebem aceitam, já tocaram em diversas igrejas, há três anos nesse ministério. O que a mídia lança, eles relançam em cópias perfeitas, mas não buscam a voz e direção de Deus. Discípulos que clamam ou pedras, como muita das vezes foram qualificados, não por mim, por outros, a clamar?

Também corre na mídia secular um homem que começou sua carreira, digamos assim, no meio evangélico, sem ao menos ser cristão. “Como Zaqueu que subiu na árvore pra chamar a atenção de Jesus...”. Talvez tenha sido esse o resultado obtido por tal artista: chamou atenção pra si. Teologicamente, Zaqueu subiu a árvore pra ver quando Jesus iria passar, pois sua estatura era pequena e com uma multidão tão grande ao redor dele, isso o impossibilitaria. (Lucas 19: 1-5). Estávamos conversando eu e mais dois amigos sábado sobre esse cântico que foi retirado de nosso repertório na igreja. Não foi o fato de ele estar sendo cantado pelo mundo, mas sim pela inadequação teológica. E algo interessante e comum em nossos pensamentos foi: acreditamos que mesmo errado, é uma semente que foi lançada e pode dar frutos, mas quem os colherá? O mundo aprendeu, canta, sente e onde são saciados no encontro com Deus? Discípulos que clamam ou pedras a clamar?

O fato que me intrigou e também o qual deu início a esta narrativa foi: Quando saíamos do ensaio de sexta feira, como compartilhei. Ensaio este onde preparávamos músicas pra um casamento que aconteceria no sábado, ou seja, no dia posterior, me deparei com uma romaria que cantava pela rua de nossa igreja e caminhavam de encontro a uma casa vizinha de nosso templo. Como já disse, não é o fato da ocorrência daquele ato que mexeu com o meu coração, mas sim porque as pessoas que julgamos “erradas” no proceder do direcionar de Deus estavam fazendo aquilo que claramente reconhecemos que é o dever dos discípulos, seguidores, de Cristo. Vou confessar a vocês, o meu sentimento mediante aquela situação não foi outro se não vergonha. Discípulos que clamam ou pedras a clamar?

Quando é hora de calar?

Ao término de um culto administrativo de certa igreja, ouvi o pastor dali falando a respeito de uma música, cristã, porém tocada de em um ritmo com o andamento mais acelerado, que foi tocada em um casamento celebrado por ele e exortava seus membros em questões de santidade. Dizia ele: “como escrito está: todas as coisas me são lícitas, mas nem todas elas me convém (1º Coríntios 6:12) Qual é nossa postura? Me envergonhei e pedi desculpas ao pastor, pois dentre aqueles músicos havia um de minha igreja. A bateria fazia com que as pessoas fossem contagiadas e movessem seus corpos em danças.”

Antes de tudo quero deixar claro: Ainda que você seja contrário à visão de seu pastor, interrogue-o, mas não decida ir por seus próprios caminhos, ore por ele e aja da maneira a qual ele te instrui, pois ele é o escolhido de Deus pra te guiar.

No texto, escrito por Paulo aos cristãos de Corinto, uma cidade antiga da Grécia, o autor fala realmente sobre os problemas da igreja e dá as soluções para a curativa dos mesmos, porém se olharmos alguns versos que antecedem ao versículo 12, vamos nos deparar as práticas que ocorriam naquela cidade e que necessitavam de cura: “Não errei: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus.” (v. 10).

Escrevi esse testemunho de tal homem de Deus, o qual admiro muitíssimo, pois sua igreja está assim. A preocupação primeira são com os que são da casa. Claro: “do que me valeria ganhar o mundo inteiro e perder a alma”, mas Deus sonda os corações e sabe dos seus intentos. Sendo assim não é um ritmo ou um simples pra balançar, não “escandalatório”, que merece tanto tempo de dedicação. Na esquina de nossas ruas há traficantes. No “quintal” de nossas igrejas há crianças e jovens que caminham pro inferno e precisam da força, do amor, da instrução correta. Se os discípulos não gritarem a glória de Deus de modo que eles ouçam, as pedras clamarão Seu nome, pois é assim que serão salvos. “a salvação vem do ouvir e do ouvir da palavra de Deus”.

Chorou sobre ela

“Jesus, sabendo que os judeus e os seus líderes aguardavam um Messias político e que por fim o rejeitaria como Messias prometido por Deus, chora por eles, que em breve sofreriam um terrível juízo. A palavra chorou (gr. Eklausen), aqui, significa mais do que derramar lágrimas. É lamentação, pranto, soluço e clamor de uma alma em agonia. Jesus, em sua deidade, não somente revela aqui seu sentimento como também o coração partido do próprio Deus, por causa da condição do homem perdido e da sua recusa em arrepender-se e aceitar a salvação”. (LIFE PUBLISHERD)

Ao ler essa concordância de uma de minhas bíblias de estudo trouxe tal imaginação para os dias de hoje: e se caso Jesus resolve ver o mundo. O que mudou? Melhor ainda, ele resolve visitar minha igreja e sua vizinhança. Ele não é o chefe, mas como filhos a obediência nos trás crescimento e torna-nos agradáveis a Deus.

Pare toda linha de pensamento anterior e apenas imagine: é um monte alto, sua cidade está em um vale, logo abaixo deste monte. Feche os olhos, desenhe tal cena. Jesus, sentado em seu jumentinho olhando tudo lá em baixo. Qual seria a reação dele?

Sim, elas estão a clamar

Eu acredito que hoje algumas rochas já estão clamando. Clamam, pois a igreja não tem cumprido sua missão primordial, pois se lembram sim, mas abafam o cumprimento do seu papel de ir às vidas perdias e leva-las salvação. A ala dos nossos “hospitais” chamada resgate está em defasagem, há tempos a ambulância não deixa sua garagem. Nos nossos hospitais chamados de igreja esperamos os doentes no conforto de nossa recepção, muitos recebem alta sem acompanhamento, pergunto-me, pergunto-lhe: doutor onde está a fonte da vida? Onde está a cura? Você e eu nos lembramos: “ah, nossas armários estão cheios do remédio curador, mas não temos tempo de entregá-los”.

No sábado passei por um momento muito difícil, pesado, graças por ter meu irmão, um anjo do Senhor perto de mim. Eu dei ouvidos ao julgo do diabo que com todas as suas armas queria me entristecer, como numa morte. O famoso momento onde não vemos solução. Foi uma humilhação além do necessário, pois me sentia o lixo espiritual e necessitava da graça afável de Deus. Fui além e chorei muito, meu coração doeu forte e eu não conseguia ver a graça de Deus que em nenhum momento abandonou-me. O fruto doloroso de meu arrependimento poderia e sempre poderá ser curado por Deus, - “ele é quem faz a ferida e ele mesmo a ligará” (Oséias 6:1) - mas a maneira que encontrei de não dar ouvidos mais a humilhação além do arrependimento, humilhação essa que o diabo quer que passemos e permanecemos nela é: tendo a certeza de que não vivo pra mim, mas Cristo é por hoje e sempre os meus dias. Que ele nos incomode a clamar e gritar Seu nome. Se as pedras clamam as calemos com os gritos de jubilo e louvor dizendo: “Bendito o que vem em nome do Senhor”.

Boa quarta-feira.
Matheus Gerhard

Nenhum comentário: