quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Teologia Campestre


Repouse seus olhos sobre os montes. Olhe ao redor. Sinta-se seguro, envolto. Deles te virão o socorro? Contemple a relva que tão verde forra o chão. Não apenas de uma, mas da variação, perfeita, no lugar, de cada tom. Sobre pastos que verdejam Ele te fará repousar. Já posso sentir cheiro de terra molhada, fresca. Na medida. Temos uma imensidão de mundo a fora. Pastos a perder de vista, porém toda a noite torna-me meu pastor ao seu aprisco, onde, seguro do mal, posso repousar.

Acho que já chegamos às campinas, podemos falar um pouco sobre nosso pastor, lavrador, fonte, raiz. É bom estar nos pastos do Senhor.

Ao observar os pastos, as paisagens dos campos eu imagino: quem é deus como meu Deus? Ele ordena a diversidade da relva. Ele diz: “estes campos nascerão até aqui e não mais. Somente até aqui”. Há diversidade na criação de amor de um Deus criativo. Deus tem o poder de criar. Ele tira do inexistente e traz ao presente, nós inventamos, pois partimos de tudo o que já existe. Deus, apenas Ele, cria.

Eu sou uma pessoa que não vive bem em um ambiente rústico, melhor esclarecendo. Ainda que por vez em quando, seja bom, não me vejo morando em uma roça. Mas traz-me muitas mensagens, alusões bíblicas, algumas paisagens de lá. Cristo utiliza de Sua criação para lembrar o homem à importância que ele tem pra Deus. Vamos meditar nessas teologias e aproximarmos do agradável ambiente chamado amor divino.

A figura, bem usual por Deus, quando faz análogas de Seu Reino, da vida Cristã, é algo que às vezes não damos atenção. Será que é por isso que às vezes também não somos atentos as paisagem da vida com Deus?

Vamos passear por campos. Vamos conhecer um pouco mais sobre as plantas, sobre o que as atacam. Qual a visão do criador, lavrador, jardineiro, o que motiva o perdão de Deus e a reconstrução de Seu jardim. Vamos viajar ao interior?

As plantas

O cuidado das plantas exige aprendizado especializado, dedicação ao trabalho. As plantas possuem ramos, além de seu tronco de sustentação, ramos, uns bons e outros ruins. Algumas folhas amarelam, outras pegam pragas, sofrem com o sol em demasia, ou com a diversidade das estações. Às vezes se vê necessário a poda, tornando as plantas feias aos olhos, mas é esta a metodologia da permanência vital.

Somos como plantas, há uma diversidade enorme de plantas. O cuidado é diferenciado pra cada planta. Há diversidade no cuidado de Deus para com você e comigo. Temos problemas diferentes. As plantas não podem fazer nada por si mesmas. Acredite você também não.

O cuidado de Deus com o mundo é como o de um jardineiro que quis fazer um grande jardim. Ele escolheu a perfeição. Sem agrotóxicos. Uma estufa foi preparada. Ele regava, dava água, convivia e amava suas plantas. A realização do jardineiro eram suas plantas. Junto a este magnífico lugar foi colocada uma arvore, no meio dele, a atraente árvore do conhecimento. Ela, aquela arvore, servia pra lembrar as outras que deviam obediência e dedicação, empenho de vida, a Seu criador.
A árvore atraente começou a obcecar os olhos das plantas. Essa não é uma justificativa pelo produto da vontade das plantas. Aprendi uma coisa, não somos aptos a justificativas, pois só se justifica quem é justo. Mas aquilo, aquele ato parecia inevitável. As plantas começaram a se contaminar, o jardim em pouco tempo foi destruído, uma culpava a outra de suas vergonhas. Porém de quem era a culpa? O jardineiro chega, acaricia seus olhos sobre seu lindo jardim e não há palavras, nem repúdio, mas fecha sua estufa e, fora dali, começa a tratar suas plantas.

Acho que você já ouviu sobre uma história como essa, correto? Foi embasada nela que criei esta analogia. O fator mais comum entre este jardim e nosso mundo, além de toda figurativa é: Não foi o pecado, ou o erro, as inclinações para o transitório e contaminável, que fizeram Deus, o jardineiro, desistir de suas plantas. Não são os seus pecados que fazem Deus desistir de você.

A poda

Uma das maneiras, e a mais eficaz, de cultivo agrícola é a poda, através deste ato, conseguimos obter melhores frutos, de ramos bons. É importante lembrar que precisamos podar aquilo, que mesmo que aparente seja bom, é ruim. Há permanência vital através da poda.

Certa vez vi meu pai podando uma árvore e não compreendia o porquê cortar tantas folhas que visivelmente pareciam boas. Eram galhos e mais galhos. Ramos após ramos. Não o questionei, perdi a oportunidade de conhecimento, porém compreendi que olhos específicos, um olhar mais apurado, que viam além dos meus, conseguiam enxergar erros que eram imperceptíveis a mim. Ou pelo menos não eram notados. Às vezes nos tornamos mecânicos de mais pra uma naturalidade de coisas, resposta disso, a absolvição da culpa de “pequenos pecados”, quando em respostas a eles dizemos: “ah, não tem nada a ver”.

É necessário conhecimento das plantas para que a poda seja feita. Olhares comuns podem até perceber defeitos, porém são incapazes, inaptos a tal ofício. Apenas o lavrador quem pode retirar. Ele enxerga melhor. Ele vê de fora. A insistência que muitos de nós temos quando queremos nos dedicar a uma vida com Deus, abstendo-se de nossos erros é procurar retirar de nós coisas ruins, não praticar atos que desagradam a Deus, porém ainda que louvável seja tal empenho, não podemos nos esquecer que só obteremos resultados se deixarmos que Deus retire de nós o que nos afasta dele. A planta por si só ela não retira de si mesma as pragas, porém ela dá sinais de dependência, através da falta de frutos, que precisa de seu cultivador.

Às vezes nos dói à perda, perder, na maioria das vezes, não é uma escolha feliz, às vezes não é nem uma escolha, mas uma necessidade. O corte pode doer, causar ausência, mas esta é a permanência da vida: arrancar pedaços e até mesmo casacas nos doem. Em alguns casos, aquilo que é ruim fixa em nós e quando lavrador retira, nos dói, mas o amor é cuidado, não aceitação de erros. A morte, a perda, o arrancar de algumas coisas podem nos fazer sofrer, quando alguém olhar pode transpassar uma imagem de tristeza, mas a doença que a improbidade nos causa é uma dor prolongada. Após o tempo, a beleza da vida retorna e mostra que viver também inclui abdicar.

O lavrador
João 15

Nas ultimas instruções que Cristo dá aos seus discípulos Ele fala sobre permanência, sobre uma ligação onde se podem retirar nutrientes, ele fala sobre onde podemos buscar estas vitaminas. Cristo sempre foi o mediador, único mediador entre Deus e homem (I Timóteo 2.5). Quando Ele fala para que os seus discípulos permanecessem nele, ele novamente faz referência a essa ligação. Como se Deus fosse a terra. Cristo se denomina a videira. Da mesma maneira a qual Cristo se liga a Deus, como a raiz, poderosamente, retira nutrientes da terra, estejamos ligado nele. Os ramos de uma árvore, não estão nela, eles pertencem a ela.

Permanecer em Deus é permanecer em Seu amor. Dar valor ao seu amor. Os primeiros versos de João 15 nos dizem, que o ramo que não dá frutos Ele retira e o verso 10, maravilhosamente, nos ensina que aquele que guardar os mandamentos de Deus, isso implica em prática, permanece em Seu amor, estes dão frutos. Precisamos ser menos preguiçosos, ou seja, o amor, a paciência, a verdade, o perdão, o resgate de vidas, o louvor através de atitudes e artifícios a Deus, tudo isso são frutos que aqueles que estão em Deus produzem.

A função de Cristo é a salvadora. Ele é fonte inesgotável de vida. Através de sua vivencia, da maneira como nos ensina a viver. Através do Seu muito amor, da preocupação com os homens é manifesta a característica de Cristo. Ele mostra a diferença do Filho e do Pai. A função do filho é fornecer. A função do Pai é avaliar.

Boa semana.
Abraços em Cristo!
Matheus Gerhard A.

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